Valério Mesquita*
Determinismo histórico dizem que existe. Há dezenas de casos tanto na política brasileira como mundial. Nunca foi tão fácil adivinhar a destruição do nosso planeta, num futuro não muito distante, vítima da poluição da atmosfera, dos mares e da natureza. Prever a paz na África, na Ucrânia e no Oriente Médio, por exemplo, é mero exercício de retórica. A gênese da questão palestina não é territorial, apenas, mas religiosa; desde o tempo do sultão Saladino e as Cruzadas do Vaticano. Óbvio ululante. Profecia é coisa séria. O dom de profetizar só ocorre com o apoio do Espírito Santo. Assim falou Malaquias. E antes dele, Zacarias, Ageu, Sofonias, Habacuque, Naum, Daniel, Oséias, etc., sem falar em Isaías, o maior deles. Não foram adivinhos mas profetas de verdade.
Após essa viagem de circunavegação polar em torno do assunto, chego a Natal, a “cidade” dos Reis Magos, adventícios, visionários, adivinhos e proficientes. Não se torna necessário recorrer a eles para distinguir ou antever recessão de Natal (Ribeira e Cidade Alta). Se assim fosse, eles teriam se estabelecido nas Rocas e deixado uma banca invejável de cartomantes e curadores. Baltazar, Gaspar e Belchior ficaram mesmo perdidos no deserto das arábias em vez das dunas da Redinha.
Não precisa ser profeta para chegar a conclusão que não emplacará 2030, sem que as avenidas de Natal se tornem intransitáveis. O número de veículos que circula já é maior, hoje, que a capacidade de sua malha viária. Estão financiando carros para pagar em sete anos (84 meses). Qualquer pessoa, com apenas um salário, sai de uma loja ou concessionária, sem avalista, lenço ou documento, dirigindo por aí. Quando acontecer uma crise econômica no país, quem vai para o beleléu: a financeira ou a seguradora? Já prevejo filas de carros abandonados nas vias públicas por inadimplentes enlouquecidos. Não desejo que isso ocorra, mas o calote vai ser geral.
Outro tema para o qual não se exige douta profecia está nas religiões. Algumas modificam o cristianismo ao seu bel prazer e conveniência. A boa nova para arrebanhar seguidores reside no apelo musical. A conversão está no tom. Jesus Cristo é fulanizado em forró, axé, lambada, brega, carimbó, swing e pagode. Em breve, em vez de MPB, surgirá a MPR (Música Popular Religiosa). Segundo os ruidosos desse mundo nada mais espiritual, após a palavra, que dançar um relabucho em alguns templos. Dizem eles que a unção é contagiante. Não precisa ser profeta para antever que essas religiões tendem a fazer desaparecer o Cristianismo. Não é por aí o caminho. Estão profanando o nome de Deus.
Não quero ouvir falar no desmonte da “Lava a Jato”, peça por peça. O velho Proudhon, o rabugento e radical filósofo francês doutrinava naquele tempo que a “propriedade privada é um roubo”. Mas, roubo mesmo meu caro “Proudha”, é o “tarifaço” compulsório e compulsivo dos juros dos cartões de crédito e emendas parlamentares. Pensei falar com o Procon, uma entidade fundada por Robin Hood para defender os fracos e oprimidos. Mas não há para quem apelar. Todos estão comprometidos. Até lá no S.T.F. Gilmar Mendes e Toffoli estão inocentando Antonio Palocci, confesso réu da Operação Lava à Jato.
Por isso, vou embora para Baraúnas. Lá eu tenho o SUS. Me alistarei no Bolsa Família e, quem sabe, no MST quando me sentir entediado. Quando volto? Não sei! Também não vou sofrer tarifaço! Quero, apenas, uma casa pequena de uma porta e uma janela. Lá vou ser eleitor dos Rosados. Desejo contemplar da janelinha aberta o vendedor de cuscuz e de munguzá. A simplicidade das coisas, da chuva caindo – quando o milagre acontecer – com goteiras pingando na sala sem móveis. Para trás, as notícias de pacientes que morrem nos corredores das UPA’s e hospitais. Nem PIS, nem whatsapp.
(*) Escritor.
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